VivaBem UOL | Como filhos podem contribuir com os pais nas diferentes fases da velhice?

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Por Marcelo Testoni

À medida que o tempo passa, filhos cada vez menos precisam de cuidados dos pais, que, em contrapartida, aumentam a demanda por atenção e ajuda deles. Mas o idoso não deve ser infantilizado por isso, e sim tratado com respeito e sem imposições, pois estamos falando de adultos, com vontades e opiniões próprias e que podem ser autônomos e independentes.

Para entender como filhos podem ajudar pais com mais de 60 anos, VivaBem conversou com especialistas e montou um guia de dicas baseado em etapas e transformações da terceira idade.

Só cuidado com generalizações: é preciso considerar também em como o idoso se sente e nas suas condições gerais de saúde, pois o envelhecimento é muito individual.

Dos 60 aos 70 anos

Idosos nessa faixa etária costumam ser considerados "jovens". Muitos ainda estão bastante saudáveis e ajudam a família nas despesas e na criação de crianças e adolescentes. Dados de 2018 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informam que o Brasil tem 7,5 milhões de idosos ativos profissionalmente e essa estatística deve continuar aumentando.

Com pais idosos, nessas condições e ainda morando de favor sob o teto deles, é necessário:

  • Demonstrar respeito, inclusive às regras, e assumir responsabilidades, também financeiras.

  • Ajudá-los em tarefas cotidianas, como limpar a casa, preparar comida, jogar o lixo fora.

  • Não sobrecarregar ou obrigar o idoso a cuidar dos netos, impedindo de fazer suas coisas.

  • Contribuir para o lazer e diversão dos pais, incentivando ainda sua liberdade e privacidade.

  • Se relacionar com eles como adultos, a fim de evidenciar seu interesse, ajuda e apoio.

Esse momento novo na vida de pais e filhos ainda permite conversas profundas, sobre suas histórias, intimidades, interesses e medos.

Os pais aprendem a confiar mais, a expressar seus próprios sentimentos e pensamentos, e ficam felizes em oferecer conselhos e estabelecer uma amizade com a versão adulta de seus filhos, que passam a vê-los com um olhar mais sensível.

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Dos 70 aos 80 anos

Algumas funções cognitivas, como vocabulário, memória de curto prazo, facilidade para lembrar palavras, reflexos, aprendizagem de novos saberes, podem ser sutilmente reduzidas após os 70 anos.

A independência funcional também, mas de forma mais expressiva, pois há perda de massa muscular, diminuição de força e equilíbrio e aumento da gordura corporal.

Como o idoso torna-se mais suscetível a quedas e adoecimentos, é importante que filhos:

  • Liguem para seus pais e atualizem-se sobre sua vida e eventuais problemas.

  • Visitem-nos e atentem-se ao seu estado e à sua aparência, bem como os de sua casa.

  • Morando longe, façam chamadas de vídeo e informem-se com pessoas do convívio dos pais.

  • Ofereçam-se para acompanhá-los ao médico, fazer compras, ajudar com burocracias.

  • Passeiem com os pais e levem-nos para lugares que gostariam, mas não iriam sozinhos.

Para idosos, interações físicas são muito melhores do que virtuais, eles ficam felizes com a presença dos filhos.

Quando estiverem juntos, evite distrações (som alto, TV, uso excessivo de celular). Desfrutem o tempo juntos para conversar e se estiver muito ocupado ou ausente, reserve um horário para se falarem, se verem e até combinarem uma atividade física juntos.

Dos 80 anos em diante

Idosos octogenários apresentam maior fragilidade física, embora muitos, em razão do suporte que recebem, continuem levando uma vida bastante saudável e ativa.

Já idosos acima de 90 anos geralmente apresentam alguma desvantagem funcional ou mental, necessitando de maior apoio emocional e físico dos seus familiares.

Com os pais próximos do fim da vida e consequentemente mais dependentes, busque:

  • Supervisioná-los de perto e com frequência, porque mudanças podem ocorrer de repente.

  • Observar e perguntar se os pais se sentem seguros para realizar tarefas e morar sozinhos.

  • Se planejar para, eventualmente, precisar contratar um cuidador ou uma casa de repouso.

  • Checar se eles têm deixado contas em atraso, portas destrancadas, comida velha guardada.

  • Fazer adaptações e melhorias na casa dos pais, visando seu conforto, segurança e autonomia.

Como esse momento da vida é delicado, é fundamental que os filhos ajam com muito carinho, escuta e paciência, para evitar estresse, sofrimento extra ou uma piora do estado de saúde dos pais.

Se o idoso está fraco, mas gosta de fazer tudo sozinho, deve ser conscientizado dos riscos e contar com acompanhante em tempo integral, para o auxiliar e monitorar, inclusive à noite.

Basílio Almeida, doutor em educação física pela UFC (Universidade Federal do Ceará) e especialista em atividade física para terceira idade; Liliana Seger, doutora em psicologia pelo Instituto de Psicologia da USP; e Natan Chehter, geriatra pela SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia) e do Hospital Estadual Mário Covas (SP).

Fonte: VivaBem UOL

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