VivaBem UOL | Pessoas com ansiedade dizem o que ajuda no momento de crise e como evitá-la

Falta de ar, tonturas, palpitação e medo. A crise de ansiedade traz sintomas difíceis, mas que passam após um breve período. Como cada um lida com a crise e o que faz para aliviá-la são táticas muito pessoais, mas que podem ter uma explicação científica por trás.

A seguir, veja relatos de quem convive com crises de ansiedade e a explicação que especialistas dão para que essas táticas funcionem.

Sinomara Laronga encontrou no crochê um alívio/Imagem: Arquivo pessoal

"Quando vou entrar em crise, começo um novo crochê"

Passei a conviver com as crises de ansiedade logo após o término de um relacionamento. Aos 28 anos, perdi completamente a visão, o que me deixou ainda pior. Comecei a fazer crochê e encontrei o alívio para a ansiedade, uma verdadeira terapia. Apesar de eu não enxergar absolutamente nada, eu tenho a sensibilidade dos dedos. Ficar concentrada para fazer ponto a ponto me traz uma sensação de paz. Fiz cursos e aprimorei as técnicas, hoje quando percebo que vou entrar em crise, ligo para um amigo, me distraio e começo um novo crochê.

- Sinomara Laronga, 43, operadora de telemarketing, de São Paulo (SP)

  • Segundo a psiquiatra Ana Paula Carvalho, atividades como pintura, dança e costura são algumas das coisas que proporcionam a sensação de bem-estar.

  • Abra espaço para um hobby. Todos os dias separe um momento para você fazer algo que realmente goste.

  • Mas escolha algo que não vá fazer mal. "Não adianta, por exemplo, maratonar filmes e séries, porque o sedentarismo também está associado ao aumento da ansiedade. Leia um livro, encontre com amigos, faça uma comida diferente, medite", explica Carvalho.

"Descobri que segurar gelo pode aliviar"

O gelo que me ajuda na hora da crise. Eu descobri, através de mídias sociais, que segurar gelo poderia aliviar. Eu consigo controlar os meus pensamentos e mudo completamente o foco para o gelo: me preocupo se está escorrendo a água, fico observando e com isso me acalmo.

- Milena Moreira, 36, administradora, de São Paulo (SP)

  • Durante a crise, é importante criar estratégias e ferramentas que ajudem a mudar o foco do pensamento e, com isso, aliviar a percepção de sofrimento que a ansiedade traz.

  • Para o psiquiatra Humberto Müller, neste caso, o gelo fará com que a pessoa desloque a atenção da crise, através da observação e da percepção tátil, o que pode ativar os receptores específicos que aliviam os sintomas ansiosos.

"A bebida era um gatilho"

Comecei a notar depois de algum tempo que bebida alcoólica não aliviava, pelo contrário, era um gatilho para as crises que surgiam na sequência. Conversei com meu terapeuta e ele me apresentou livros que me ajudaram na compreensão do que estava acontecendo com meu corpo. Comecei a cursar faculdade de psicologia e aceitei que 'sou normal' e que tenho uma condição, que talvez me acompanhe a vida inteira.

- Carl Hood, 38, estudante de psicologia, de Dublin, Irlanda

  • De acordo com a psicóloga Liliana Seger, é frequente que as pessoas que sofrem com o transtorno de ansiedade busquem atividades que proporcionem prazer imediato.

  • Entretanto, é crucial buscar apoio psicológico para tratar o problema de forma adequada, em vez de apenas aliviar sintomas momentâneos.

  • Geralmente, quem recorre ao consumo de álcool como forma de acalmar ou de relaxar adquire um problema ainda maior. Ou seja, é melhor evitar o álcool quando sentir que a crise está vindo.

Adriana Rocha diz que alimentação é importante no controle das crises/Imagem: Arquivo pessoal

"Fujo dos [alimentos] refinados"

Mesmo fazendo uso de medicação controlada, estou o tempo todo atenta a minha alimentação, porque consigo perceber o quanto ela interfere no meu bem-estar e pode ser gatilho para as crises. Fujo dos refinados e dou preferência para as saladas, os legumes e até mesmo os chás, que hoje fazem parte do meu cotidiano.

- Adriana Rocha, 38, psicóloga, de São José dos Campos (SP)

  • A alimentação tem relação com a ansiedade.

  • Existe comprovação científica de que modificar a microbiota intestinal aumenta a inflamação do nosso corpo e, consequentemente, os quadros de ansiedade e depressão.

  • É importante dar preferência para as "comidas de verdade", como arroz com feijão, legumes e verduras.

Exercício físico ajuda Guilherme Valenga a driblar ansiedade/Imagem: Arquivo pessoal

"É uma terapia fazer musculação e aeróbico"

Comecei devagar, dando voltas em um parque. Percebi o quanto me fazia bem e aumentei o ritmo. A atividade física me trouxe muitos benefícios e me motivou a cursar educação física. Hoje, é uma terapia fazer musculação e aeróbico cinco vezes na semana e dar aulas. Foi a melhor maneira que encontrei para driblar as crises de ansiedade. Mas também busquei ajuda profissional e faço terapia.

- Guilherme Valenga, 25, DJ, de São Paulo (SP)

  • A prática da atividade física auxilia na prevenção e combate dos sintomas afetivos e ansiosos.

  • Estudos mostram que exercícios podem ser eleitos como monoterapia (tratamento único) em quadros ansiosos leves a moderados.

  • Faça caminhadas e se exponha ao sol nas primeiras horas do dia.

Desacelere

Quando a ansiedade sai do controle significa que o corpo está mandando um alerta. É hora de parar tudo e reorganizar. Observe e ouça o seu corpo para compreender quais mudanças no seu cotidiano irão trazer benefícios para a sua vida como um todo.

  • Cuide dos seus pensamentos;

  • Controle a respiração sempre;

  • Atente-se a sua alimentação diariamente;

  • Pratique atividade física;

  • Comece um processo terapêutico;

  • Escreva. Divida as listas em: o que é urgente, o que não é urgente, o que de fato importa e o que pode e deve esperar.

O que fazer quando um amigo tiver uma crise de ansiedade perto de você?

É preciso ter empatia, ou seja, colocar-se no lugar de quem está na crise.

O acompanhante pode ter papel fundamental, conseguindo ofertar conforto e cuidado a quem sofre.

Fontes: Ana Paula Carvalho, psiquiatra e mestre pela Escola Paulista de Medicina de São Paulo, Humberto Müller, psiquiatra e professor de psiquiatria na Uninassau, em Cacoal - RO; Liliana Seger, psicóloga e doutora pelo Instituto de Psicologia da USP.


Fonte: VivaBem UOL

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